TEMA - O DESAFIO DA MISERICÓRDIA E DO AMOR

TEXTO BASE - Mt. 5.7

Abaixo, segue a transcrição do depoimento de Claudeciro Rosa de Oliveira que viu, de casa, o acidente em que morreu o único filho, Adriano, de 26 anos, uma das cinco vítimas da queda de uma passarela no Rio de Janeiro, ocorrida em janeiro de 2014.
“Adriano subiu a escada e entrou na passarela. Falei baixinho: “Vai com Deus, meu filho”. E me virei. Foi quando ouvi o estrondo. Tomei um susto. Olhei de volta, e a passarela estava no chão. Então entrei em desespero. Gritei para minha mulher: “A passarela caiu”. Ela começou a gritar também: “Meu filho, meu filho”. E a gente correu lá para baixo. Olhei no meio dos escombros rapidamente e vi que ele não estava ali. Então me deu aquela intuição de olhar dentro do canal que passa entre as duas pistas. O que vi foi uma cena terrível. Meu filho estava lá, jogado dentro do rio, e a água suja cobria seu corpo quase inteiro. Nisso, dois vizinhos conseguiram descer lá embaixo. Eu gritava: “É meu filho, tira ele daí”. Eles conseguiram tirá-lo do rio, e Adriano ainda estava vivo. Um rapaz ficou conversando com ele, e eu dizia para ele aguentar firme, que o bombeiro estava chegando. Mas chegou o bombeiro, sem maca, sem corda, sem equipamento nenhum para reanimar a pessoa. Ele não conseguiu ajudar. Depois vieram outros bombeiros, também sem equipamento. Por fim, usaram a corda dos moradores e amarram meu filho pelo peito, para subí-lo. Como Adriano era um menino grande e pesado, tiveram muita dificuldade. Eu estava animado, porque meu filho já estava ali em cima, veio uma médica e aplicou uma injeção nele. Pensei: “Meu filho vai sair dessa, ele vai sair dessa”. Mas logo veio um dos comandantes dos bombeiros, pegou o pulso dele, e falou em voz alta: “Parte para outro, este daqui é saco preto”. Tomei um choque. Ele falou isso alto, eu escutei, todo mundo que estava do meu lado escutou. Nunca vou me esquecer desta frase: “Este daqui é saco preto”. Eles colocaram Adriano no chão. Depois colocaram um saco preto em cima dele. Eu não podia acreditar, Adriano estava morto ali do meu lado. Fiquei com a mão em cima dele, esperando. Me disseram que eu deveria sair, porque vinha um trator para remover a estrutura da passarela e eu poderia atrapalhar o resgate. Eu dizia que era meu filho, que precisava ficar ao lado dele, mas eles me levaram para o outro lado. Só me avisaram para onde levariam o corpo. Daí voltei para casa com minha mulher, e começamos a arrumar a documentação para o enterro. (Revista Época, 28/jan/14)

Essa reportagem deixou-me chocado, atingindo-me como ser humano, pai e cristão. Destaco aqui para reflexão a brevidade e a vulnerabilidade da vida. O jovem saiu ótimo de casa, despediu-se dos pais, e em cerca de três minutos perdeu a vida. Pode acontecer com qualquer um de nós ou com nossos familiares e amigos. Você está preparado (a)? Outra coisa para se pensar é a insensibilidade com que muitas vezes o ser humano é tratado. Se não nos autovigiarmos corremos o risco de desprezarmos a dor das pessoas com quem nos relacionamos e, sem empatia alguma, misturarmos “gente” com “coisas”. É verdadeiro seu amor pelo próximo? Você e eu, como discípulos de Jesus, temos que ser misericordiosos, compassivos, empáticos e amorosos como Ele é conosco. Nosso desafio é sermos agentes do Reino de Deus, manifestando e anunciando o grande Amor do Pai nesse mundo insensível e egocêntrico. 
Que Deus nos fortaleça, nos reanime e nos use para Sua Glória.

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