SERMÃO - VIVER PELA FÉ

Texto base – I Sm. 17.
INTRODUÇÃO
Ao analisar o histórico confronto entre Davi e Golias não há como negar que a vitória de Davi foi um ato de fé. Mas fé de que tipo?
FÉ NO POSSÍVEL
 Pedras podem derrubar gigantes, mas só Davi creu nisso. Davi não creu “no impossível”. Creu no possível que ninguém mais enxergava. Impossível seria tentar derrubar Golias com uma bolinha de papel. Mas, para um pastor de ovelhas que manejava bem sua funda e que já tinha no “currículo” a morte de um leão e um urso (defendendo o rebanho), derrubar um homem com uma pedrada certeira na fronte não era impossível. E, uma vez caído, matá-lo seria a parte mais fácil.
FÉ PREVIDENTE
Por que Davi pegou cinco pedras se precisou de apenas uma para derrubar Golias? Porque a fé não é incompatível com a precaução. As quatro pedras não foram inúteis pelo fato de não terem sido usadas. Sua função foi importante: dar segurança. Caso Davi errasse, teria a que recorrer. Mal comparando, seria como se um jogador de futebol tivesse cinco oportunidades de converter um mesmo pênalti. Sem pressão, qualquer um aumentaria as possibilidades de acertar logo na primeira tentativa. Ter fé não é crer que tudo se resolverá logo numa primeira tentativa. Fé tem mais a ver com a forma como as coisas acabam, não com a forma como começam. E Davi cria que, com uma, duas ou até cinco pedras, o fim do gigante seria o mesmo: no chão.
FÉ PARA TENTAR DE NOVO
É surpreendente perceber que Davi considerou a possibilidade de errar. Muitas pessoas desanimam depois de uma tentativa frustrada e perdem a fé. Para derrotar Golias, Davi não precisou usar da persistência. Mas preparou-se, caso ela fosse necessária. Há muitos que confundem fé com “pensamento positivo”: “Vou conseguir na primeira tentativa”, dizem. E recusam-se a considerar a possibilidade de erro. Davi, não. O fato de ter pego cinco pedras, prova que a fé de Davi era uma fé que não se esgotava na primeira tentativa; que não se intimidava diante da falha inicial. Uma fé disposta a tentar de novo e de novo e de novo.
FÉ QUE NÃO SE PRECIPITA 
A decisão de enfrentar Golias não foi precipitada e nem imediata (como muitas pregações fazem crer). Golias lançou seu desafio durante “40 dias” sem que ninguém se prontificasse. Davi visitava o campo de batalha com frequência para levar suprimentos aos irmãos e viu repetidas vezes a mesma cena: os exércitos postados no campo de batalha, a tensão no ar, o medo latente e a contínua provocação do guerreiro filisteu. Talvez ele tenha esperado que alguém (o rei talvez) assumisse a condição de ser o representante de Israel. Depois de 40 dias, Davi deu um basta: “Até quando esse incircunciso vai provocar os exércitos do Deus Vivo?”. Quase sempre esse é o clamor do homem de fé: “Ninguém vai fazer nada? Então eu faço”. Uma fé que se “prontifica”, mas não se “precipita”.
FÉ QUE NÃO TEME MUDANÇA DE PLANOS
É errado pensar que quem tem fé, sempre terá uma visão clara do que deve ser feito. Por vezes, a fé só permite dar um passo de cada vez. Num primeiro momento, Davi considerou a possibilidade de usar a armadura do rei Saul e chegou a experimentá-la. Só depois, percebeu que ela seria um empecilho ao invés de auxílio. As pedras e a funda foram o “Plano B”. E isso é revelador! “Mudança de planos” não significa “falta de fé”. Lutar contra o gigante usando armas convencionais seria uma desvantagem num confronto “corpo a corpo”. A fé nos faz ter convicção da vitória, mas não necessariamente de COMO a obteremos num primeiro momento.
CONCLUSÃO
No meio cristão, muito do que se ouve a respeito de fé é cercado de misticismo (geralmente confundido com unção), arrogância (confundido com autoridade espiritual) e precipitação (geralmente confundida com “ousadia”).
O bom senso e a racionalidade são tidos por “falta de fé”. Mas não é isso que vemos no episódio de Davi e Golias. A fé de Davi foi uma fé envolveu razão, precaução e paciência. Elementos que, tantas vezes, vemos serem associados justamente à falta de fé.




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