TEMA – NEM SEMPRE AS COISAS SÃO COMO QUEREMOS QUE SEJAM
Texto
base - Jó 29.18- 29
INTRODUÇÃO
Jó
foi um modelo de fé e integridade. “Homem que teme a Deus e evita
o mal”, palavras do próprio Todo-Poderoso. Mas não era perfeito.
Jó enganou-se acerca de seus amigos, de si próprio e de Deus.
Algumas de suas considerações nos levam à interpretação de que
Jó cometeu um erro muito comum: crer na imutabilidade das coisas e
descrer da constância de Deus.
Com
Jó aprendemos que Deus cuida de tudo em nossas vidas: inclusive de
nossas perdas
NÃO
HÁ SITUAÇÕES DEFINITIVAS EM NOSSA VIDA NEM PARA O EM NEM PARA O
MAL – Vs.18-19
Aconteça
o que acontecer em nossas vidas, tudo é transitório: bons e maus
momentos. E isso é de uma obviedade tão absoluta que impressiona o
fato de Jó e muitos de nós ignorarmos essa verdade.
Senão,
vejamos: Jó via-se numa situação tão definitiva, tão segura, tão
imutável que era capaz de visualizar sua aposentadoria, uma vida
longa e uma morte tranquila em casa, rodeado pelos amigos e
familiares. Esse foi seu primeiro engano.
NÃO
HÁ RECONHECIMENTO, FAMA, HONRA E APLAUSOS QUE SEJAM DEFINITIVOS EM
NESSA VIDA. Vs.20-22
Jó
se via “pelos olhos dos outros” como um ser insubstituível,
indispensável, essencial e cheio de dependentes. Ele se via como
aquele que completava a vida dos limitados - “Eu era os olhos do
cego e os pés do aleijado...” 29.15.
Era
como o “Getúlio Vargas do pedaço” - “Eu era o pai dos
necessitados...” 29.16.
Era
como o Van Damme dos oprimidos - “Eu quebrava as presas dos ímpios
e dos seus dentes arrancava as suas vítimas.” 29.17. Seus
discursos, os homens escutavam “em ansiosa expectativa, aguardando
em silêncio” – 29.21. Até seu sorriso era objeto do desejo -
“Quando eu lhes sorria, mal acreditavam; a luz do meu rosto lhes
era preciosa.” 29.24.
Jó
era uma versão gospel de Antônio Carlos Magalhães: ninguém tomava
decisões sem o consultar. Seus conselhos eram essenciais (“Era eu
que escolhia o caminho para eles, e me assentava como seu líder;
instalava-me como um rei no meio das suas tropas; eu era como um
consolador dos que choram” 29:25). Ter uma auto-estima elevada é
ótimo. Mas Jó deixou-se embriagar de si mesmo. Tomou um pileque de
bajulação e achou que sua “glória” se renovaria dia após dia,
que não havia prazo de validade para sua fama. Estava enganado.
“Quando
eu esperava o bem, veio o mal” -
Jó 30.26
III
- NÃO HÁ FÉ DEFINITIVA NESSA VIDA – NÃO HA FÉ INABALÁVEL, NÃO
HA CRENÇA QUE NÃO TITUBEI, QUE NÃO VACILE EM ALGUM MOMENTO.
Nossa
fé é imperfeita, limitada, inacabada. Assim que recebe aquele
“pacote de más notícias”, Jó faz uma declaração belíssima,
cheia de fé serena: “Nu sai do ventre de minha mãe e nu voltarei.
O Senhor deu, o Senhor tomou. Bendito seja o nome do Senhor” -
1.21. E em seguida
repreende a esposa: “Aceitaremos apenas o bem dado por Deus e não
também o mal?” - 2.10.
E o testemunho bíblico é enfático: “Em tudo isso Jó não pecou
com seus lábios” - 2.10.
Mas
logo no capítulo três, depois de sete dias de silêncio, Jó
desabafa: ‘Por que não morri ao nascer?’ -
3.11 e em seguida diz: “O
que eu temia veio sobre mim; o que eu receava me aconteceu. Não
tenho paz, nem tranquilidade,
nem descanso; só inquietação” -
3.26.
A
história de Jó é uma história repleta de alternâncias. E
alternâncias que se sucedem em circunstancias nas quais nenhuma
mudança era esperada. Seus filhos “costumavam dar banquetes em
casa...” - 1.4
mas acabaram “engolidos” todos por um só trágico golpe do
destino. Jó madrugava para oferecer holocaustos em favor dos filhos
(“Essa era a prática constante de Jó”). Mas a constante de Jó
tornou-se coçar as feridas com cacos de telha e lamentar-se dia e
noite. Festas e sacrifícios constantes, prosperidade e honrarias
constantes, fé constante. De repente, tudo se foi. Tudo que parecia
“definitivo”.
Em
meio a tantas alternâncias, tanta diluição do que era
definitivo, só
uma coisa não mudou em momento algum: o cuidado de Deus para com Jó.
O terceiro engano de Jó foi duvidar disso. Disse ele:
“Como
tenho saudade... dos dias em que Deus cuidava de mim...” -
Jó 29.2
Jó
via-se desassistido do cuidado divino. Para ele, quando tudo ia bem
era porque Deus estava cuidando. Acabou-se o bem, acabou-se o cuidado
também - essa era a lógica de Jó. Mas, o que ele não sabia era
que sua vida estava “garantida”. Havia um limite para a ação do
Mal na vida de Jó.
Como
Jó, também tendemos sentir que Deus dá uma cochilada ao permitir
que a calamidade nos encontre. Especialmente quando não encontramos
razão aparente para o sofrimento. É difícil crer, mas a verdade é
que perdas, sofrimentos e dissabores fazem parte do cuidado de Deus.
E, ao meu ver, a maior lição da história de Jó é lembrarmo-nos
sempre que vivemos
num mundo que muda sempre e que cremos num Deus que não muda
nunca. E
não o contrário.
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