TEMA - UNIDOS VENCEREMOS, DIVIDIDOS CAIREMOS
Já
nos primórdios do Cristianismo, o apóstolo Paulo anteviu, nestas
simples palavras, o mais sério de todos os problemas, acompanhando a
Igreja em toda a sua trajetória através dos séculos. Por que os
irmãos daquela congregação posicionaram-se sob a influência
isolada de três ministros e aparentemente um dos grupos escolheu
dizer que era "de Cristo"?
Por uma interessante
analogia, e analisando as possíveis razões daquelas tomadas de
posição, podemos inferir que os mesmos problemas existem hoje, no
âmbito da Igreja contemporânea. Antes de mais nada, gostaríamos de
enfatizar que a dedução dos partidários desta ou daquela corrente
não estava necessariamente traduzindo a realidade dos fatos.
Vejamos, então, o que poderia estar pensando cada um daqueles quatro
grupos, nos quais se subdividiu a igreja de Corinto.
Primeiro
Grupo: "Eu sou de Paulo" (Graça Absoluta) os liberais.
Os
que se colocaram debaixo da égide paulina, basearam-se provavelmente
na defesa da liberdade cristã, tão decantada nos escritos do
apóstolo. Paulo apresentava o crente como um ser livre, desarraigado
de quaisquer jugos impostos por injunções humanas ou por caprichos
individuais. Ser livre, porém, não significa ser libertino. Licença
não é licenciosidade. Permissão não é permissividade. Concessão
não é salvo-conduto para uma vida mesclada de intemperança. O
problema é que até hoje encontramos os partidários desta falsa
interpretação da teologia prática exarada nos escritos de Paulo.
Segundo
Grupo: "Eu sou de Apolo" (Intelectualismo Preconceituoso)
os intelectuais.
Apolo, ainda mais do Paulo, representava a cultura
secular e teológica. A Bíblia descreve-o como um homem erudito,
eloquente, especialista em dialética, At 18.24-28. O grupo chamado
"de Apolo" ainda hoje tem seus representantes - aqueles que
acumulam conhecimentos e começam a ver nos menos aquinhoados pelo
saber, uma sub-classe eclesiástica incapaz de atingir os altos
píncaros de sua sapiência. Estes confundem ciência com sabedoria,
pedantismo com experiência, psicologia com discernimento e filosofia
com visão espiritual.
Terceiro
Grupo: "Eu sou de Cefas" (Legalismo Intolerante) os
legalistas.
Os que se dizem de Cefas baseavam-se em aspectos
atávicos, remanescentes da lei judaica, nas atitudes e palavras de
Pedro, o zeloso apóstolo da Igreja judaica-cristã. Viam zelo
petrino e legalismo farisaico, que na realidade não existia.
Ombreando-se a Pedro, pensavam estar representando lidimamente a
posição doutrinária do apóstolo. Isto consistia em inominável
equívoco, uma vez que o próprio patrono da pretensa posição não
esposava tais idéias. Estes confundiam zelo com fanatismo,
moralidade com ascetismo, temor com rigor, santidade com culto de si
mesmo.
Quarto
Grupo: "Eu sou de Cristo" (Separatismo Intransigente).
Este
talvez seja o pior dos quatro grupos. É mister entender, desde já,
que se trata não dos que são verdadeiramente de Cristo, mas
daqueles que dizem sê-lo, a fim de acobertarem um espírito
separatista, egoísta e intransigente. Este grupo existe, igual aos
outros três, nos dias de hoje. Acham-se mais importantes do que os
liberais, os intelectuais e os legalistas. E o que é pior: acham-se
mais privilegiados do que os fiéis e sinceros.Não aceitam qualquer
autoridade eclesiástica. Acham que o pastor e os demais oficiais da
igreja são meras figuras decorativas. Acreditam que ninguém tem
capacidade suficiente para transmitir-lhes qualquer ensinamento. Vêem
no fariseu um santo, no hipócrita um sábio, no puritano um
apóstolo.
CONCLUSÃO
"Uma
vez que foi escrito, o foi para o nosso ensinamento" - Rm 15.4,
estas palavras deixadas por Paulo, exortando uma igreja em
particular, servem para abrir nosso entendimento no sentido de
policiarmos nossas atitudes e até mesmo nossos mais íntimos
pensamentos a fim de que sejamos livres, sem sermos "donos da
verdade", zelosos sem sermos intolerantes e, separados do mundo,
mas não dos da família da fé. Qualquer divisão existente no seio
da igreja, seja por qual pretexto, leva a uma debilitação de todas
as suas potencialidades e dá lugar a ataques bem-sucedidos do
maligno.
Antes de interpretarmos qualquer pensamento ou intenção de algum escritor sagrado, temos que ter em mente o contexto de sua exposição global, os resultados do seu ministério e observarmos que toda a Bíblia está ligada por uma espécie de "fio de Ariadne", tornando-se uma, indivisível, que fala sempre a mesma coisa.
Acreditamos piamente que, em uma congregação onde
Cristo estivesse ministrando, tendo Paulo, Apolo e Cefas como
participantes,todos teriam o mesmo glorioso pensamento e nenhum dos
quatro aceitaria como verdade, qualquer das divisões permanentes
representadas por pessoas que tomassem seus nomes como bandeira de
uma interpretação sem sentido.
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